
Cada ano que começa inicia-se um novo ciclo de esperança para os nordestinos. Quem precisa de chuva reza para que o ano novo tenha um bom inverno. E, segundo as previsões meteorológicas para o Estado este ano, as preces dos agricultores serão atendidas. Segundo a última reunião de meteorologistas no Nordeste, realizada em João Pessoa no mês de dezembro, o inverno na parte norte da região, onde está o Rio Grande do Norte, deve ser de bom a regular.
Segundo o meteorologista José Espínola Sobrinho, as chuvas deverão ficar dentro da média em algumas localidades e um pouco acima em outras. As chances de um inverno bom para a região é de 35%, para um inverno regular a probabilidade cresce para 45%. As chances de termos um inverno ruim é pequena, apenas 20%. "O período de chuvas na nossa região depende da zona de convergência intertropical, que é uma camada de nuvens que se forma no oceano Atlântico".
Essas nuvens trazem umidade e chuva para a região Nordeste. "A zona de convergência já começa a atuar na nossa região dando sinais de que o período chuvoso está prestes a começar", explica o especialista. Oficialmente, as chuvas que atingem Mossoró acontecem no período de fevereiro a maio e os meses de março e abril são comprovadamente os mais chuvosos.
Mas, para o pesquisador, já no final deste mês a quantidade de chuvas na cidade pode aumentar. "O tempo já está mudando. Estamos tendo algumas chuvas, o tempo está nublado e o calor é muito forte. Todas essas características são indicativos de que o período chuvoso que se aproxima. A atmosfera está se preparando", diz. As chuvas isoladas que atingem não só Mossoró, como outras cidades da região Oeste já animam os agricultores.
Francisco José da Silva é produtor de caju em Serra do Mel e já comemora os primeiros pingos que caem sobre a terra seca. "Para a gente da Serra, vai ser muito bom, porque o ano passado o inverno foi fraco e a safra foi muito pequena. A gente espera que este ano seja melhor, porque a gente vive disso", justifica. Se para o setor de caju a chuva trará novo ânimo, para a produção de melão e sal, o fenômeno natural é considerado um inimigo da produção.
No caso do sal o período de chuvas representa a suspensão total das colheitas que só são retomadas após o fim desses meses. Os empresários passam a comercializar apenas o que estocaram durante todo o ano, provocando aumento do preço do produto. Com o melão, o problema é semelhante, quando começa a chover os frutos sofrem com doenças causadas pela umidade. A umidade do solo também apodrece o fruto ou ainda faz com que ele perca um pouco a qualidade, inviabilizando a exportação.
Até agora as precipitações isoladas ainda não provocaram danos sérios a esses dois setores. Mas as chuvas esporádicas tendem a se homogeneizar a partir do final de janeiro e início do mês de fevereiro. O sentimento da população que mora em áreas próximas ao rio é de apreensão. A costureira Josefa Moreira, que mora no bairro Ilha de Santa Luzia, conta que os moradores tentam se preparar para não passar pelo mesmo sofrimento de dois anos atrás. "A água invadiu as casas. Na minha, chegou a mais de um metro e o prejuízo foi enorme. A gente não tem como sair daqui e tem que rezar para não acontecer o mesmo".
Para o meteorologista, a possibilidade de novas enchentes não significa que as chuvas devem cair além da média normal do município, que é de 700mm por ano. "Para ter enchente em Mossoró, basta chover o normal porque as construções invadiram o rio. Não posso dizer que vai ter enchente na cidade, pois as pessoas ficariam apavoradas, mas pela minha experiência sei que basta chover o normal para isto acontecer", alerta.
A próxima reunião de meteorologistas que fechará uma previsão ainda mais precisa sobre o período na região Nordeste deve acontecer na segunda quinzena de fevereiro em Natal. "Mas as previsões devem ser confirmadas, já que o fenômeno conhecido como La Niña indica se o período chuvoso será bom. As temperaturas do oceano Pacífico já estão 1,5° acima do normal, o que já configura o fenômeno. Todas as vezes que tivemos o La Niña, tivemos boas chuvas", explica Espínola.
As previsões são otimistas e os meteorologistas esperam que elas se confirmem, já que a região Oeste necessita de chuvas. "Vamos torcer apenas para que as chuvas sejam bem distribuídas, que não tenhamos veranicos longos - períodos sem chuvas - nem chuvas de grande intensidade", analisa o meteorologista.
Reportagem: Amanda Melo - Jornal O Mossoroense
Imagem: Google imagens
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